Sobre o
Centenário
A partir da segunda metade do período dos Descobrimentos, Vila Nova de Portimão começou a ganhar forma como um dos polos de expansão comercial no Algarve, florescendo para lá do limite do perímetro muralhado pouco tempo depois da construção deste, de que é exemplo a construção do Colégio dos Jesuítas (conhecida como “Igreja do Colégio”), concluído em 1707. Contudo, os elevados estragos provocados pelo terramoto de 1755 causaram uma estagnação que só seria ultrapassada na segunda metade do século XIX.
A partir de então, a vila (elevada a cidade e sede de bispado nos anos finais do governo do Marquês de Pombal, sem que essa promoção tenha tido efeitos práticos, acabando por ficar no esquecimento…) conhecerá um desenvolvimento sustentado, por força do gradual aparecimento das indústrias dos frutos secos e das conservas de peixe, tornando-se atrativa para as populações vizinhas que tinham a agricultura como meio de subsistência, o que levou à construção de toda uma série de edifícios e infraestruturas capazes de acolher este crescimento industrial.
Uma das grandes obras públicas no final do século XIX foi a criação da atual zona ribeirinha de Portimão, com o primeiro aterro a ser criado para servir de base à nova ponte rodoviária, velha aspiração da localidade, conseguida graças aos bons serviços do portimonense Visconde de Bivar, Par do Reino, que conseguiu que a construção deste equipamento rodoviário não fosse feita em Silves.
Juntamente com a zona ribeirinha, é também construído o cais, grande ponto de apoio para a intensa atividade piscatória e para o escoamento da cada vez maior produção industrial.
Todos estes fatores positivos culminam na elevação de Vila Nova à categoria de cidade no final de 1924, pelos bons ofícios do então Presidente da República Manuel Teixeira Gomes, ilustre negociante e escritor natural de Portimão, que tinha sido o primeiro representante da República no Reino Unido, de onde saiu para ocupar o mais alto cargo da nação.
Já cidade, Portimão vê a indústria de conservas de peixe atingir o seu zénite por ocasião da II Grande Guerra, exportando para inúmeros países.
Todo este crescimento refletiu-se na malha urbana, com a criação de uma área industrial adjacente à zona ribeirinha e ainda com a construção de bairros sociais para mitigar a falta de habitação condigna para a força laboral que sustentava o esforço industrial e piscatório. O final do conflito, juntamente com uma quebra nas pescarias, o envelhecimento da maquinaria e o crescimento da concorrência estrangeira, nomeadamente das fábricas marroquinas, levaram a que as conservas de peixe entrassem em declínio, vindo a ser substituídas pelo turismo, enquanto motor económico do município, com a hotelaria e restauração a conseguirem absorver muitos dos antigos operários, num processo social que começa na década de 1960, com a construção dos hotéis Algarve e Penina e, mais tarde, do complexo turístico da Torralta.
A partir deste ‘boom’, a cidade expande-se de forma muito acentuada e ocupa grandes parcelas dos férteis terrenos, entre hortas e quintas, que envolviam Portimão, rasgados por avenidas e polos urbanos que procuravam acompanhar a explosão demográfica resultante da demanda de pessoas, vindas de todo o país e do estrangeiro, em busca de oportunidades de trabalho, de negócios, de qualidade de vida.
Tem sido este o cenário, praticamente constante, que vem marcando Portimão desde a década de 1970 até à atualidade, mudando drasticamente a imagem da cidade e seus limites, através da construção de urbanizações, acessibilidades, equipamentos sociais, de ensino e saúde, desportivos, culturais e de lazer.
Nestas últimas décadas, sobretudo após a Revolução dos Cravos, as três freguesias do município têm beneficiado de um franco crescimento em todos os indicadores, refletido em infraestruturas como a unidade local do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, o Parque de Feiras e Exposições de Portimão, os Complexos Desportivos de Alvor e Mexilhoeira Grande, o Museu de Portimão, o TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, a requalificação das zonas ribeirinhas de Alvor e Portimão, o Autódromo Internacional do Algarve, o Portimão Arena, etc, sem esquecer uma completa cobertura ao nível do saneamento básico, do abastecimento de água e da eletrificação.
Na atualidade, Portimão é uma urbe cosmopolita, perfeitamente enquadrada na sociedade digital em que vivemos, e que proporciona excelentes condições para quem nela vive ou a procure para passar os seus tempos livres, com os olhos postos no futuro.
Lei n.º 1:692
Em nome da Nação, o Congresso da República decreta, e eu promolugo, a lei seguinte:
Artigo 1.º
É elevada à categoria de cidade a vila denominada Vila Nova de Portimão, do distrito de Faro, que passará a
denominar-se Cidade de Portimão.
Artigo 2.º
Fica revogada a legislação em contrário.
O Presidente do Ministério e Ministro do Interior e interino da Marinha e os Ministros das demais Repartições a façam imprimir, publicar e correr. Paços do Govêrno da República, 11 de Dezembro de 1924. – MANUEL TEIXEIRA GOMES – José Domingues dos Santos – Pedro Augusto Pereira de Castro – Manuel Gregório Pestana Júnior – Helder Armando dos Santos Ribeiro – João de Barros – Plínio Octávio de Sant`Ana e Silva – Carlos Eugénio de Vasconcelos – António Joaquim de Sousa Júnior – João de Deus Ramos – Ezequiel de Campos.